Na elaboração da proposta foi fundamental a inserção paisagística – articulação com a Mata e o Escadório, a sudeste, e a malha de cidade a norte (em termos de vista). Este terreno constitui charneira entre o núcleo urbano mais antigo e áreas de expansão mais recentes, entre o peso do património (porque definido e estático) e a leveza da expansão urbana (porque constituída por definições múltiplas e sucessivas, logo dinâmica).
A proposta assenta na resolução dos acessos aos dois equipamentos de piscinas, no redesenho da comunicação entre os diferentes níveis, fazendo desta comunicação passeio e dos acessos percursos lúdicos. Pretende esta proposta, para além do cumprimento programático, fazer espaço público de cidade, tirando partido do potencial encontrado neste ponto de charneira e miradouro.
O edifício toma parte neste projecto de fazer cidade, comunicando com os diferentes níveis, gerando patamares pavimentados, ajardinados, planos de água, e tornando-se, ele mesmo, em lente, emoldurando esta perspectiva sobre a cidade.
O edifício, em termos de imagem, é composto por três unidades formais: O corpo de vidro e metal destaca-se das outras unidades formais pela sua forma pura e pela leveza transmitida pelos materiais que o compõem. O muro, em granito com acabamento natural e estereotomia irregular, surge como elemento bruto, de massa, orgânico, sobre o qual assenta um corpo leve e transparente. Contrasta a forma orgânica com a forma pura; o aparentemente bruto e natural com o tecnológico e artificial. A sul, o corpo de betão eleva-se sobre o volume de vidro e metal e remata o edifício sobre a mata, quer para quem o vê da encosta oposta quer para quem o observa às cotas mais elevadas dos passeios confinantes.
O edifício funde-se com o terreno a sul, sendo que as áreas construídas junto a este limite tendem a misturar-se com a paisagem natural, quer pela sua composição orgânica quer pela introdução de coberturas ajardinadas e de jardins interiores, gesto que traz o elemento natural ao edifício numa fusão construção/paisagem.
A nascente, o conjunto edificado distancia-se das significantes pré-existencias, a Mata e o eixo do Escadório. Este último é assumido como elemento pertencente a um sistema estrutural na cidade, de força e linguagem individuais/fechados, e é intencional não concorrer com o seu protagonismo manifesto. Privilegia-se ainda a Mata como presença envolvente, pelo que se mantêm as árvores existentes, procedendo apenas à limpeza do coberto vegetal e à instalação de um relvado. O espaço exterior imediato afirma-se, assim, como um espaço de usufruto visual para o observador dentro da nave da piscina.
Piscina Coberta Municipal de Lamego
Concurso Concepção / Construção
1º Classificado na “Qualidade da Solução Arquitectónica”
(3º Classificado na proposta para a empreitada)
Lamego - 2006